terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Internet faz surgir nova relação entre médicos e pacientes


O aumento do acesso à internet e a explosão do uso das redes sociais fez surgir um novo tipo de relacionamento entre médicos e pacientes: é cada vez mais comum os pacientes chegarem aos consultórios médicos com algum conhecimento, correto ou não, quanto a um possível resultado de exame, enfermidade ou com algum pré-diagnóstico baseado em sintomas. Quanto aos profissionais de saúde, além de redes destinadas ao público geral, como o Facebook, Orkut, LinkedIn e Twitter, tem havido um considerável desenvolvimento das redes sociais criadas especificamente para a classe médica, como o Planeta Médico, o MySpine e o Meu Prontuário.

No que diz respeito à adaptação dos profissionais às novas tecnologias, esta gera impactos importantes para a sociedade em geral. O médico online, que usa a internet e as redes sociais, se permite um melhor acesso às informações e à troca de experiências não apenas com outros integrantes da comunidade em que está inserido, mas com a comunidade científica do mundo inteiro. Há a oportunidade, por exemplo, de contato com histórias de casos de pacientes – o que é importante até no mapeamento de doenças mais raras, ainda não bem tratadas -, observância de efeitos adversos, estudo de similaridades, entre outros pontos importantes da missão contínua de pesquisa e atualização que todo profissional da área médica tem.

Além da atualização constante, manter um perfil em redes sociais também auxilia na humanização da relação com o paciente, já que muitos deles preferem este contato mais interativo e em tempo real, ao invés do tradicional “ligar no consultório”. Esse comportamento é observado especialmente no caso do médico que atende ao público da Geração Y ou Z, nascidos de 1980 para cá.

Mas, quanto às consultas online os especialistas alertam que as pessoas vêm utilizando notícias e informações como um verdadeiro prontuário eletrônico, e nesse caso, é importante saber que na internet há uma verdadeira avalanche de informações erradas, “mitos” e até recomendações equivocadas quanto aos tratamentos e diagnósticos.

Na opinião de especialistas, a busca por informações médicas na internet pode trazer problemas como a automedicação. Segundo o cardiologista Ricardo Loureiro, muitos médicos têm reclamado que pacientes obtém informações sobre determinados medicamentos pela internet e querem que os profissionais prescrevam. "Mas nem sempre aquele produto é indicado para o paciente”, enfatiza Ricardo.

O cardiologista destaca também que nas redes sociais é importante que os profissionais da área médica entendam que é importante priorizar a divulgação de conteúdo informativo. “Os médicos não devem propriamente fazer mídia, mas contribuir com o usuário com informações importantes para a sua saúde no dia a dia. Vejo as redes sociais mais como uma forma alternativa de o médico se tornar mais acessível para facilitar a orientação sobre horário de atendimento, tirar dúvidas sobre a realização de exames solicitados, mas, nunca tendo o caráter de consulta médica, que somente deve ser realizada com a presença do paciente no consultório”, afirma Loureiro.

No entanto, os profissionais adeptos da internet e redes sociais devem ter o extremo cuidado para que não haja o vazamento de informações confidenciais de pacientes, o assédio de pacientes nas redes sociais pessoais, a superexposição da vida pessoal, já que a conduta profissional deve ser guiada pelo Código de Ética Médica.

Segundo o advogado Josino Ribeiro Neto, o Código de Ética Médica prevê regras para o comportamento dos profissionais da Medicina nos meios de comunicação em massa, como a internet. “O Código Médico veda a divulgação de informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico ou, ainda, de consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação do gênero. Se o médico cometer qualquer falta grave, como o desrespeito às vedações apresentadas acima, poderá ter o exercício profissional suspenso mediante procedimento administrativo específico”, explica.

O advogado destaca ainda que o médico deve seguir, principalmente na internet e em seus perfis nas redes sociais, as mesmas regras de conduta de sigilo que segue nos demais espaços em que está presente. “Lembrando que é vedado ao médico fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente, além de não poder divulgar qualquer fato sobre o qual tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão”, afirma.

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